29 junho 2018

Assembleia Municipal aprova privatização da Escola Profissional

A Assembleia Municipal de Salvaterra de Magos, reunida ontem à noite em sessão ordinária, aprovou por maioria (20 votos favoráveis de PS, PSD, CDS e "independentes" e 5 votos contrários da CDU e do BE) a venda pela quantia de 300 mil euros da quota de 50 % que o município detinha na Escola Profissional de Salvaterra de Magos à empresa Convergência - Formadores Associados, Lda.  

Escola Profissional de Salvaterra de Magos (foto: epsm.pt)

A posição dos eleitos da CDU, João Caniço e Carlos Silva:


A Constituição da República Portuguesa e a Lei de Bases do Sistema Educativo consagram a Escola Pública como um instrumento de emancipação individual e colectiva, com um papel determinante na vida de cada cidadão e no desenvolvimento do país. Contudo, sucessivos governos, optando por uma política de direita, têm desvalorizado a Escola Pública e desmantelado o seu papel emancipador.
A realidade do ensino profissional é pautada por uma ampla desresponsabilização do Estado. Não existe uma rede pública de escolas profissionais. O financiamento às escolas públicas secundárias por via de verbas do Orçamento do Estado foi substituído por fundos comunitários (exceptuando as escolas das regiões de Lisboa e do Algarve), nomeadamente, através do Fundo Social Europeu. Ocorrem atrasos inaceitáveis na transferência dos fundos e financiamento às escolas profissionais, sejam elas públicas ou privadas e cooperativas.
Não podemos caracterizar a actual situação como um acidente ou como uma imprevisibilidade. Ela é fruto de uma opção clara de sucessivos governos. Opção que traz graves problemas para o normal funcionamento destas instituições, uma vez que as regras existentes ao nível dos prazos, dos montantes, das formas de pagamento através de reembolso, e outras, não se coadunam com as necessidades regulares de gestão das escolas e com os compromissos assumidos perante professores e alunos.
A Lei nº 50/2012 de 31 de Agosto de 2012 redigida pelo governo PSD-CDS e que aprova o Regime Jurídico da Actividade Empresarial Local e das Participações Locais segue toda esta lógica e não é mais do que uma lei que visa limitar a acção dos municípios em vários sectores de actividade económica e social onde, naturalmente, a Educação e o Ensino Profissional não são excepção. É também esta lei que está na origem da tomada de decisão sobre a participação da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos (CMSM) na Escola Profissional de Salvaterra de Magos (EPSM).
Perante este cenário o que faz o executivo do PS com ampla maioria na CMSM? Luta pela melhoria das condições de financiamento e de ensino da EPSM? Avança para a compra da quota da empresa privada que detém metade da participação na instituição? Assume a gestão da escola como estratégia fundamental de desenvolvimento económico e social do município? Nada disso! Limita-se a aceitar sem pestanejar a oferta de 300 mil euros para a venda da sua quota de 50 %. Não é apenas o Estado Central que se desresponsabiliza na gestão do Ensino Profissional. O executivo do PS na CMSM tenciona fazer exactamente o mesmo, seguindo aliás a mesma linha de actuação do anterior e de outros executivos. Não basta nomear um representante da CMSM na EPSM e deixar os privados gerirem a instituição. Era necessário uma estratégia consistente do município, assente num rigoroso plano de aprendizagem e de qualificações profissionais adequadas à realidade sócio-económica do nosso concelho.  
Bem pode Pedro Nuno Santos, actual secretário de estado dos assuntos parlamentares, figura destacada da chamada ala esquerda do PS e potencial futuro secretário-geral do partido, fazer excelentes discursos em congressos, empolgando as plateias, apelando à matriz socialista do partido, em defesa do estado social, da protecção do sistema público de pensões, do SNS e da Escola Pública que a realidade encarrega-se de o desmentir. Todos sabemos qual é a orientação político-ideológica do actual presidente da CMSM, logo não constitui surpresa para ninguém a sua proposta de privatização da EPSM. É também uma boa resposta para aqueles que afirmam não interessar partidos nem ideologias nas autarquias. Também aqui a realidade encarrega-se de os desmentir.
Face ao exposto importa esclarecer várias questões. Como chegou o parceiro privado da CMSM ao valor de 300 mil euros para a compra de 50 % da quota? Porque razão o sr. presidente da CMSM não mandou fazer uma avaliação patrimonial da EPSM? Efectuámos uma simulação do valor patrimonial do edificado da EPSM no site da Autoridade Tributária e Aduaneira e chegámos ao valor de 503 mil euros, sem incluir o valor do demais equipamento existente. Portanto, não é difícil de concluir que o valor comercial da EPSM é bastante superior a 503 mil euros. Tudo isto já para não falar do valor imensurável do património humano da EPSM: os seus docentes, funcionários e alunos.
Quem foi o anterior proprietários dos edifícios e do terreno onde está implantada a EPSM? Quem fez as obras de melhoramento e de adaptação dos edifícios? Com que dinheiro? Público ou privado? Deve a EPSM ser uma empresa privada que visa exclusivamente o lucro? Para além de considerações inoportunas sobre a situação financeira da CMSM, inqualificáveis sobre o debate político e lamentáveis sobre a opinião pública, o parceiro privado é pouco rigoroso nos fundamentos invocados para a privatização, como se, por artes mágicas, os atrasos no financiamento da escola deixassem de existir a partir do momento em que passe a ser 100 % privada.
E, já agora, porque razão fez finca-pé nos 100-0 %? Porque não 51-49 %? Ou 60-40 %? Ou 25-75%? Segundo a informação transmitida pelo sr. presidente da CMSM durante a última Assembleia Municipal, a lei apenas proíbe quotas iguais, ou seja, 50-50 %. Irá a EPSM cobrar à CMSM a realização de assembleias municipais ou outras iniciativas futuras neste mesmo auditório? Qual é a mais valia desta Escola Profissional em termos de valorização de competências e de saídas profissionais para os jovens do nosso concelho? Será que tudo isto de pouco ou nada vale para o sr. presidente da CMSM? Irão os eleitos do PS nesta Assembleia Municipal votar a favor desta venda? Terão consciência das implicações que esta decisão terá no futuro desta escola?

14 junho 2018

Presidente da CM Salvaterra Magos vende quota parte da Escola Profissional a Privados por 300 mil euros

Foi aprovado pelo executivo da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos (CMSM), a venda da quota parte detida na Escola Profissional de Salvaterra de Magos (EPSM), pelo valor de 300 mil euros. A EPSM passará a ser totalmente propriedade de uma empresa privada, denominada de Convergência - Formadores Associados Lda. 
Esta decisão já foi tomada pela CMSM, mas falta a decisão da Assembleia Municipal de Salvaterra de Magos, para que o "negócio" se concretize.
Escola Profissional de Salvaterra de Magos
Esta foi a decisão tomada em Reunião da CMSM de 23 de Maio, que a seguir transcrevemos :
"A proposta aprovada, tem por base a solução B, apresentada pela empresa Convergência –Formadores Associados, Lda, no sentido do Município vender a totalidade da sua quota a essa empresa, por um valor pecuniário de € 300.000,00 (trezentos mil euros), suportado por garantia bancária, sendo que o pagamento a realizar será dividido em oito prestações anuais. A primeira prestação terá o valor de €55.000,00 (cinquenta e cinco mil euros), sendo paga no acto da escritura e as sete prestações seguintes, no valor de € 35.000,00 (trinta e cinco mil euros) serão saldadas no final do mês de Junho de cada ano.

O senhor Presidente acrescentou ainda que se aditasse à proposta as seguintes condições:
1 -Que a Escola Profissional de Salvaterra de Magos se mantenha em Salvaterra de Magos, assim como a sede do IEFS - Instituto de Educação e Formação do Sorraia, Lda;

2 –No caso de alienação do património o Município tem preferência na sua aquisição; 

3 –Submeter a proposta aprovada com estas condições a decisão final da Assembleia Municipal."

A CDU de Salvaterra de Magos lamenta, que o PS de Salvaterra de Magos, mais uma vez, desbarate património do nosso concelho, pois como é público a EPSM é uma instituição de prestigio no nosso concelho, com um vasto património, com centenas de estudantes do concelho de Salvaterra de Magos e dos concelhos limítrofes e é do interesse do concelho de Salvaterra de Magos, que esta Escola Profissional continue a ser participada pelo Município, ou seja totalmente propriedade do Município.
Sabemos que a Escola Secundária de Salvaterra de Magos também tem curso profissionais, mas estes não fazem concorrência com os cursos ministrados na EPMS, veja-se, a titulo de exemplo, o curso de Hotelaria.
Sabemos que em Coruche, Santarém e Rio Maior existem escolas profissionais com participação das autarquias ou totalmente públicas, mas não são totalmente privadas.
Sabemos que a empresa Convergência – Formadores Associados, Lda, pretende comprar a totalidade da Escola Profissional de Salvaterra de Magos, e, para tal, enviou oficio dirigido à CMSM onde ameaçava com a venda da sua quota parte (terá sido estratégia para a compra? E com o aval prévio do Presidente da CMSM?) 
Não deixamos de estranhar o valor? Será que o património da EPSM só tem o valor de 300 mil euros? Porque é que o Sr. Presidente da CMSM  não mandou avaliar o património da Escola Profissional?
O terreno onde está a Escola Profissional e as respectivas edificações, não têm um valor superior a 300 mil euros?

Quem foi o anterior proprietário dos edifícios e do terreno, onde está implantada a Escola Profissional de Salvaterra de Magos? Quem fez as obras de melhoramento e adaptação dos edifícios? Com que dinheiro? Público ou privado?
Deve a Escola Profissional de Salvaterra de Magos, ser uma empresa privada? Que visa exclusivamente o lucro? A fundamentação invocada pelos privados, para a alienação, é insuficiente e não é correcta, porque as Escolas Profissionais são financiadas pelos FEEI e não é por serem privadas que os atrasos no financiamento vão deixar de existir .
Qual é a mais valia desta Escola Profissional para o nosso concelho, em termos de aprendizagem e qualificações para os nossos jovens? Será que isto nada vale para o Presidente da CM de Salvaterra de Magos?
Irão os deputados municipais do PS votar a favor desta venda? Saberão eles as implicações que esta decisão vai ter para o futuro desta escola ?
São estas e outras questões que gostariamos de ver respondidas pelo Presidente da CM de Salvaterra de Magos.

Salvaterra de Magos, 14 de Junho de 2018

CDU de Salvaterra de Magos