03 dezembro 2021

CDU manifesta preocupação com a situação da Empreitada de Reabilitação da Antiga Escola Primária "O Século" em Salvaterra de Magos

Um dos pontos integrantes da ordem de trabalhos da sessão ordinária da Assembleia Municipal de Salvaterra de Magos realizada no passado dia 23 de Novembro foi a abertura de novo concurso público para a “Empreitada de Reabilitação da Antiga Escola Primária “O Século” em Salvaterra de Magos”, visto que o adjudicatário J.& R. Alexandre, Lda. abandonou a obra, alegando não ter capacidade para cumprir os valores contratuais com que se havia comprometido, avançando o município para a resolução do contrato. A empreitada consiste na reabilitação e restauro do edifício no âmbito do PARU (Plano de Acção para a Regeneração Urbana), designadamente substituição da cobertura, com reforço estrutural e construção de um auditório multifuncional no exterior e de um espaço multiusos no interior. 


A CDU considera significativo o valor base definido para o novo concurso público (600 mil euros) quando a Câmara Municipal de Salvaterra de Magos (CMSM), em Março de 2020, definiu cerca de 509 mil euros como valor base, tendo a supracitada empresa apresentado uma proposta próxima desse valor e ganho a empreitada, até porque foi a única concorrente. Deve ainda ser considerado, conforme informação transmitida pelos serviços técnicos da autarquia, que já foram realizados trabalhos na ordem dos 100 mil euros, cerca de 20 % do valor dos trabalhos adjudicados da empreitada. É importante ainda ressalvar que a comparticipação comunitária desta candidatura é de cerca de 72 %, valor máximo a rondar os 408 mil euros, no âmbito do FEDER. 


Temos plena consciência e conhecimento sobre o aumento dos custos das matérias-primas e dos preços dos materiais de construção e da falta de mão-de-obra (particularmente a especializada) com que o sector da construção civil se tem deparado nos últimos tempos, em especial desde o eclodir da pandemia covid-19 e acompanhamos na generalidade as explicações que o Presidente da CMSM, Hélder Esménio, transmitiu à Assembleia. Esta conjugação de situações pode levar inclusivamente a enormes dificuldades de conclusão das empreitadas adjudicadas no âmbito do Portugal 2020 e, acima de tudo, à execução do Portugal 2030 e do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência), considerando-se a prioridade para o investimento em Habitação e outras obras de grande envergadura.

Mas voltando ao tema em concreto, temos sérias e legítimas dúvidas de que a estratégia do executivo da CMSM seja a mais acertada, ou seja, definir um valor base para o concurso público relativamente elevado, esperando que concorram muitas empresas e que funcione a regra do mercado, garantindo a adjudicação aquela que consiga apresentar o menor valor. Temos receio de que as potenciais empresas interessadas "se encostem" ao valor base de 600 mil euros e que a intenção revelada pelo executivo municipal não tenha efeitos práticos. 


É importante ainda registar que existe um mecanismo fundamental nas empreitadas públicas que se designa de Revisão de Preços. No âmbito de cada empreitada é definida uma fórmula polinomial que se ajuste à obra em causa, onde surgem devidamente ponderados os pesos relativos de cada uma das componentes da obra, tanto de materiais como de mão-de-obra, multiplicados por índices, cujo valor é actualizado regularmente pelo IMPIC (Instituto dos Mercados Públicos, do Imobiliário e da Construção). Portanto, numa empreitada de 365 dias como é o caso, é normal que os índices sofram variações mais ou menos significativas. Considerando que os valores dos materiais têm subido, os índices seguem necessariamente a mesma tendência, logo o empreiteiro será sempre ressarcido da justa compensação no final da empreitada,