21 dezembro 2024

Sobre a Reposição das Freguesias de Salvaterra de Magos, Foros de Salvaterra, Glória do Ribatejo e Granho

 


Tomando conhecimento da aprovação da proposta de desagregação das freguesias de Salvaterra de Magos e Foros de Salvaterra, Glória do Ribatejo e Granho, efectuada na passada terça-feira, dia 17 de Dezembro, por parte do Grupo de Trabalho das Freguesias, integrante da Comissão do Poder Local e Coesão Territorial da Assembleia da República, a Comissão Concelhia de Salvaterra de Magos do PCP saúda efusivamente as populações das citadas freguesias por, finalmente, doze anos depois, se estar em vias de se proceder à reparação de uma injustiça histórica para com estas populações e freguesias.

Relembramos que o processo de agregação/extinção de 1168 freguesias, entre as quais Salvaterra de Magos e Foros de Salvaterra, Glória do Ribatejo e Granho, imposto pela Lei n.º 11-A/2013, da maioria PSD-CDS, inseriu-se num objectivo mais amplo de liquidação do Poder Local Democrático, conquista do 25 de Abril, consagrada na Constituição da República Portuguesa, mereceu generalizada contestação e oposição das populações e da esmagadora maioria dos seus órgãos autárquicos.

A agregação destas quatro freguesias em apenas duas, tal como se previa, resultou em prejuízos para as populações: não trouxe ganhos financeiros nem contribuiu para o reforço da coesão territorial, dificultou a resolução de problemas, a proximidade e a ligação dos eleitos com as populações, reduziu a capacidade de reivindicação das populações e dos seus órgãos autárquicos e esbateu a identidade de cada freguesia.

Salientamos a importância que teve a criação das freguesias de Foros de Salvaterra em 1985 e de Granho em 1989, para o seu crescimento e desenvolvimento, para afirmação das suas tradições culturais. As agregações forçadas registadas em 2013 não beneficiaram estas freguesias e as suas populações, pelo contrário, sofreram estagnação e retrocesso cultural e social, não sendo de todo sustentável manter os gastos suplementares exigidos para administrar áreas tão abrangentes e extensas.

Durantes estes quase 12 anos, correspondentes a três mandatos autárquicos, o PCP e a CDU de Salvaterra de Magos estiveram sempre ao lado das justas reivindicações das populações e das freguesias agregadas, tendo apresentado várias moções, tanto nos órgãos municipais como nos de freguesia, reclamando a conjugação de esforços das forças democráticas para a reposição imediata das freguesias extintas.

No entanto, é pertinente verificar que o “PS concelhio” que agora se gaba ufanamente desta aprovação, é parte integrante do “PS nacional” que, com responsabilidades governativas no país durante oito anos, se limitou a empurrar o problema com a barriga - rejeitando vários projetos de lei do PCP na Assembleia da República pela reposição das freguesias e fazendo ouvidos moucos à ANAFRE (Associação Nacional de Freguesias) que, em congressos realizados em 2018 e 2020 manifestou como prioridade a reposição das freguesias extintas contra a sua vontade - limitando-se a pífias recomendações ao Governo, tendo em vista a avaliação do processo para posterior decisão.

Posto isto, é apenas em Junho de 2021, através da Lei n.º 39/2021, que é desencadeado o processo de desagregação das freguesias, assente num procedimento moroso, complexo, com critérios difíceis de cumprir, tanto ao nível da viabilidade económico-financeira, da inventariação do património existente, como de um exigente cronograma de deliberações por parte dos vários órgãos autárquicos do município, assim se explicando que tenham dado entrada apenas 188 pedidos de desagregação de freguesias, e desses, somente 123 foram aprovados, ou seja, pouco mais de 10 % em relação às 1168 freguesias extintas em 2013.  

O PCP votou a favor de todos os processos entregues na Assembleia da República e continuará a intervir para que a vontade das populações seja cumprida.

 

Salvaterra de Magos, 21 de Dezembro de 2024

A Comissão Concelhia de Salvaterra de Magos do PCP

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