25 abril 2016

O Fim da Guerra Colonial no 42º Aniversário da Revolução de Abril

Assembleia Municipal: Sessão Solene Comemorativa do 25 de Abril de 1974 

O Fim da Guerra Colonial 

Fernando C. Gesteira. José J. Barneto. Fernando Barreiro dos Reis. José Guilherme R. Arruda. Na tarde de 25 de Abril de 1974 a PIDE (polícia política do regime fascista) abriu fogo sobre o povo de Lisboa que se concentrava em protesto junto à sua sede, na rua António Maria Cardoso, e assassinou estes quatro compatriotas. É apanágio dizer-que que uma mentira muitas vezes reproduzida tende a ser verdade. É ainda do senso comum afirmar-se que a Revolução do 25 de Abril de 1974 não teve mortos. É falso. A reposição da verdade histórica deve assim substituir a omissão, o lapso ou a conveniência de quem adultera os contornos do passado recente. Fica a nossa sincera e sentida homenagem aos quatro heróis caídos sob o último esboço de resistência do fascismo no dia da libertação e da restauração da esperança nacional.

Não esquecemos todos aqueles que tombaram durante os 48 anos longos anos da negra noite fascista. Humberto Delgado, general e candidato a presidente da república em 1958, assassinado em 1965 pela PIDE em Villanueva del Fresno (Badajoz). José Dias Coelho, artista plástico e militante do PCP, assassinado em 1961 pela PIDE em Lisboa. Catarina Eufémia, operária agrícola e militante do PCP, assassinada em 1954 pela GNR em Baleizão (Beja). Bento Gonçalves, secretário-geral do PCP, assassinado em 1942 no campo de concentração do Tarrafal (Cabo Verde), também conhecido pelo campo da morte lenta, inaugurado seis anos antes inspirado nos campos de concentração que o nazi-fascismo implementou na Alemanha. Foram lá que perderam a vida 32 presos políticos entre os quais se contam operários vidreiros que instauraram o soviete da Marinha Grande e marinheiros envolvidos na chamada Revolta dos Marinheiros do Tejo nesse mesmo ano de 1936.

Não pactuamos com toda e qualquer tentativa de branqueamento do fascismo como aquelas que o tentam reabilitar rotulando-o de benigno, seja lá o que isso significar. Não esquecemos e fazemos questão de homenagear de forma sentida todos os jovens que perderam a vida a combater em terras de África. Uma guerra desprovida de sentido que dilacerou e fez sangrar milhares de famílias por este país fora. A última tentativa das faces mais horrendas do capitalismo - o fascismo, o colonialismo e o imperialismo - de continuar a subjugar pela força das armas a vontade soberana dos povos africanos de auto-determinação e de independência e de manter a exploração e o saque das riquezas e do potencial económico desses territórios. A guerra colonial é uma das páginas mais negras da nossa história, não apenas da mais recente, mas de toda a história de Portugal, onde um racismo semi-encapotado espalhou a destruição, a violência, a miséria e a morte por Angola, Guiné-Bissau e Moçambique. Tudo isto em nome de uma ideologia tenebrosa, que não hesita em perpetuar a guerra para manter o poder sobre outros povos, usando o seu próprio povo para esse fim.

Assim, sinteticamente se explica que durante longos e sofridos catorze anos se tenha mantido um gigantesco esforço de guerra que obrigava a elevadas perdas humanas, materiais e financeiras. Um peso equivalente a cerca de 50 % do valor do Orçamento de Estado no período mais crítico da guerra enquanto se mantinha o próprio povo e os seus trabalhadores subjugados através da iletracia, da falta de qualificações, dos salários miseráveis, da perseguição sindical e política e a obrigatoriedade do serviço militar para os jovens do sexo masculino, o que significava ir bater com os costados à selva e às matas africanas e ter que matar ou morrer em nome do fascismo e do colonialismo.

Passados 42 anos da Revolução do 25 de Abril e do fim da guerra colonial encontramos um mundo cada vez mais refém de interesses geoestratégicos do imperialismo que não hesitam em promover a instabilidade e a violência e o próprio desencadear da guerra em vários pontos do globo de forma a manterem intocáveis o seu poder e os seus privilégios a nível mundial. Reflictamos e façamos desta data histórica um ponto de viragem rumo ao objectivo da paz e da solidariedade entre todos os povos, independentemente da sua raça, etnia ou religião. Por inúmeras razões o 25 de Abril de 1974 é também um motivo de orgulho por ter permitido terminar com uma guerra que em nada interessava à classe trabalhadora e que tantas agruras e sofrimento lhe causou.

VIVA O 25 DE ABRIL! GUERRA NUNCA MAIS!


Salvaterra de Magos, 25 de Abril de 2016

Os eleitos da CDU - Coligação Democrática Unitária na Câmara e na Assembleia Municipal
João Caniço
José Custódio
Francisco Monteiro
Inês Monteiro

Sem comentários:

Enviar um comentário